terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Trilhas dos cangaceiros na Serra de Patu


Patu - O turismo é visto como opção de desenvolvimento em vários municípios do Rio Grande do Norte, do litoral a região serrana. Na região da Costa Branca, a opção a mais para o turista é o passeio de bugre nas dunas e o banho de mar com a família. Na região serrana, o atrativo principal é o turismo de aventura ou a tranquilidade. No caso de Patu, além da aposta no turismo de Aventura, destaca-se o religioso no Santuário do Lima.

A reportagem do JORNAL DE FATO, acompanhada com o secretário de Turismo de Patu, Fany Carlos, foi ao topo da Serra de Patu esta semana. Para quem está em Mossoró, o acesso é pela RN-117, que apresenta estado razoável. São 120 km. Em Patu, a primeira aventura do turista é encontrar um local a gosto para se hospedar ou um restaurante que atenda um paladar mais exigente. Nos dois casos, existem poucas opções.

O acesso às trilhas da Serra de Patu passa por dentro do Santuário do Lima, que anualmente recebe milhares de fiéis da Paraíba e do Rio Grande do Norte. O local tem até hotel para os religiosos, além de lojinhas que vendem material religioso e peças de artesanato. A igreja foi construída em homenagem à Nossa Senhora dos Impossíveis, que é festejada do dia 21 de novembro a 1º de janeiro.

Passando pelo Santuário do Lima, o próximo destino fica a 200 metros. Ao lado da Barragem do Lima, ou a Bica do Padre Agostinho, foi construído um Terminal Turístico, que apesar de não ter agradado aos padres, veio a calhar aos que procuram a serra de Patu para curtir a tranquilidade de um belo visual ou se arriscar nas trilhas de mata adentro descendo ou subindo a serra.

Do mirante que gerou a discórdia entre poder público e a igreja, dá para avistar a cidade de Patu, Rafael Godeiro, Almino Afonso, Martins, Porta Alegre, Umarizal, Olho D'Água dos Borges e outras cidades. Nas imediações, a vegetação que cresce entre as pedras é típica da caatinga e região serrana, incidência de marmeleiros, angicos, coco catolé, jurema branca, cumaru, macambira, cactus e vegetação rasteira que nasce no período de inverno.

Do mirante a rampa de voo livre, considerada uma das melhores da América Latina por pilotos de várias partes do mundo, segundo o secretário de Turismo Fany Carlos, são apenas três km de estrada de barro. O trafego é bom, apesar de alguns animais. Da rampa, é possível se observar às cidades do Estado da Paraíba e parte do Seridó do Rio Grande do Norte. Durante o dia, é possível se contemplar a lâmina de água dos açudes e à noite as luzes das cidades de Belém do Brejo do Cruz e Caicó, além de outras cidades do Sertão Paraibano.

Mas o charme mesmo para os aventureiros é subir a serra pelas antigas trilhas abertas pelos cangaceiros de Jesuíno Brilhante no início do século passado, cortando a mata fechada. Por dentro da mata, é possível ficar frente a frente com vários macacos pregos. São dezenas de trilhas abertas há décadas, talvez até mais de 100 anos. As principais são: trilha do engenho, dos quilombolas, do cangaço, dos motociclistas, da Pedra da Bocada, que a reportagem do JORNAL DE FATO se aventurou.

Na trilha do cangaço, segundo Fany Carlos, o aventureiro pode conhecer a casa de pedra construída pelos próprios cangaceiros de Jesuíno Brilhante num local estratégica para contratar possíveis perseguidores. O acesso às trilhas é possível pelo topo da Serra do Patu ou dando a volta pelo lado da Paraíba. Nos dois casos, é possível chegar até o local do início da trilha de carro.

As trilhas não são georeferenciadas. De modo que é aconselhável procurar o secretário Fany Carlos, que é guia turístico profissional, para orientar numa possível aventura pela mata fechada. Não fazendo questão por uma hospedagem luxuosa e nem por comida de fino paladar, uma aventura pelas antigas trilhas da Serra de Patu pode ser uma ótima opção em qualquer período do ano para quem procura fugir das praias e dunas do litoral.

Fonte: Jornal de Fato


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